terça-feira, 11 de setembro de 2012

Dez dicas para tornar o trânsito mais seguro nas cidades.


Dez dicas para tornar o trânsito mais seguro nas cidades.

SMTT-Itabaiana, Carlos Santos. 10/06/10.



Nas estradas, ruas e avenidas de todo o país, os acidentes de trânsito são constantes. Carros, motos e cargueiros matam mais que as guerras civis. São milhares de mortos a cada ano só nas estradas do Brasil. Grande parte das causas dessa mortandade se baseia em três fatores básicos: (1) a educação para o trânsito ainda é uma barreira quase que intransponível. Nossos motoristas desconhecem as mais triviais normas de circulação e de segurança; (2) o despreparo e a imprudência, esses dois se conjugam em um só quando nos deparamos com condutores que saem das autoescolas para as ruas rasos de experiência e se enveredam pelo trânsito. Certo é que o maior aprendizado vem com a prática, mas – antes mesmo de adquiri-la – muitos já se arriscam experimentando altas velocidades e ultrapassagens perigosas. E é aí que despreparo e imprudência se tornam primos-irmãos e geram caos e mortes; (3) este último, o desrespeito às normas, soa mais brando, porém não o é. O descumprimento de regras também gera caos. O trânsito de automóveis, ciclistas e pedestres certamente se tornaria mais harmonioso se se seguissem as mais básicas normas de segurança e circulação.

Aí vão algumas:
           

I – Uso de cinto de segurança, capacete e calçados adequados.

Antes mesmo de ser uma obrigação prevista na lei (O C.T.B., Código de Trânsito Brasileiro), é a garantia de segurança e da integridade física de condutores e passageiros. Conduzir um veículo com cinto de segurança atado em todos os que nele embarcaram reduz em cerca de 80% as lesões graves e mortes, em caso de acidente; usar calçado adequado, seja em motocicletas seja em qualquer veículo, evita que o condutor se atrapalhe na sua condução devido a solturas repentinas, à falta de aderência aos pés e/ou a enganchamentos desses calçados em pedais e apoiadores, distraindo-se e – consequentemente – causando acidentes. Os acidentes com motos, geralmente fatais devido à vulnerabilidade natural desse tipo de veículo, geram índices alarmantes em todo o mundo. Lesões na cabeça e na face são a maior causa de invalidez e óbitos nas ruas das cidades, além também de engrossar as contas dos serviços públicos de saúde e de previdência social, com gastos com hospitalizações e aposentadorias em idade produtiva, respectivamente. Usar o capacete deveria ser encarado pelos pilotos mais como autodefesa e prevenção, que como lei. Porém, não é o que se vê na prática.
           

II – Não estacionar em local proibido ou fazer paradas inadequadas.

Pouca gente considera importante estacionar e parar corretamente. As placas de pare, proibido estacionar, as faixas amarelas e os refúgios são ignorados a cada instante. E a justificativa: “Foi rapidinho, só um minutinho”. O espaço para estacionamento regulamentado é um problema nas pequenas e grandes cidades. Com o crescimento das frotas e os preços altos dos estacionamentos rotativos e a carência deles em algumas cidades, encontrar vaga se tornou um desafio. O que fazer? A solução que a maioria dos motoristas encontra é pôr o carro em qualquer lugar. Ignorar a lei nesse caso gera sanções como multa, reboque do automóvel e pontos na carteira. Mas, o que parece (para muita gente) é que isso é exagero dos órgãos fiscalizadores. Não é! Um carro estacionado numa calçada obriga o pedestre a ir para a pista, e na disputa com carros e motos, quem sempre perde é o pedestre. Atropelamentos são constantes até mesmo sobre calçadas; por exemplo, numa rua estreita e com proibição de parada e estacionamento, alguém esgueira seu carro entre a pista e a calçada para passar por outro veículo mal-estacionado e se depara com um pedestre. Quem perde a disputa por espaço? A regulação de estacionamento leva em consideração a estrutura da via e principalmente o fluxo que ela permite, primando pela segurança. Há também a ótica da comodidade e da necessidade: vaga para idoso e deficiente é vaga para quem tem dificuldades de locomoção, por isso elas são maiores e mais próximas a acessos, portas e entradas/saídas. Se você não tem direito a ocupar tais vagas, não o faça! Onde, então, posso estacionar ou parar? Parar, apenas pelo tempo necessário a embarque e desembarque, isso é permitido em locais onde estacionar é proibido. Em cruzamentos e vias de visibilidade ruim, pode-se parar apenas para se certificar de passagem livre. Em vias de fluxo rápido ou em que não haja acostamento, parar só seguindo o fluxo. Já no ato de estacionar, o tempo é indefinido. É quando você pára para “guardar” o carro. Nunca o faça em esquinas, calçadas, passeios, em frente a hidrantes, rampas de acesso ou sobre faixas de pedestre e refúgios. Isso dificulta a circulação e pode trazer riscos de acidente.
     

III – Não falar ao celular.

Muitos dos equipamentos eletrônicos que as pessoas usam no dia-a-dia para a comunicação e o entretenimento podem contribuir para causar acidentes no trânsito, o celular é um deles. Falar ao celular ou ver vídeo em DVDs enquanto dirige é uma das mais modernas causas de acidente, e é assunto preocupante. A distração produzida por uma conversa ao telefone ou pela atenção dada a uma cena intrigante no DVD tem figurado na razão pela qual muita gente tem mutilado, matado e morrido no trânsito. O atropelamento e o capotamento por perda do controle do veículo são a marca registrada da desatenção. As normas de trânsito alertam para tais perigos e para as punições cabíveis, mas pouca gente se contém em falar superfluidades ao celular enquanto está na direção. São tantos assuntos tão urgentes, que não podem tomar alguns segundos estacionado para falar ao celular e em segurança.
           

IV - Não passar em sinal vermelho.

Não há muito que se falar sobre essa infração. Ter o sinal fechado para você significa permitir que outros trafeguem livremente em vias transversais. Isso significa dizer que, se você desobedece a sinalização e segue, o risco de matar ou morrer é iminente. Em medida metafórica, é como se você puxasse uma arma para alguém e atirasse, assumindo o risco de matar; no caso do trânsito, muitas vezes o projétil ricocheteia e a vítima pode ser você mesmo. Como caso à parte, por medida de segurança, criou-se a cultura de que após as 23h não é preciso parar em semáforos quando indicarem fechamento. Entretanto, há que se considerar que muita gente faz isso irresponsavelmente. As pessoas podem fazer isso sem lembrar que o sinal está aberto para o outro, que vai passar, e a ação baseada em tal cultura interpretada erroneamente causará tragédias. O correto seria reduzir, observar o fluxo e, não havendo perigo de colisão, aí sim seguir viagem.
 

V - Não exceder o número de passageiros do veículo.

(...) é como coração de mãe, sempre cabe mais um! Automotores não são coração de mãe nem a casa da mãe Joana. É preciso considerar os perigos da superlotação. Nos noticiários, são reportadas muitas catástrofes relativas a esse problema; com mais freqüência, embarcações e aeronaves superlotadas são assunto por terem naufragado ou tombado por causa daqueles passageiros a mais, que às vezes morrem sem saber por quê. E com veículos terrestres, dá no mesmo? Sim. O perigo de acidente é também presente. Carros e motos (entre outros) são projetados para uma determinada capacidade de carregar peso e, vale lembrar, com vagas individuais. 180 kg são 180 kg, e 2 vagas são 2 vagas. Uma moto tem lugar para piloto e garupa. Se ela é capaz de conduzir até 180 kg, isso não quer dizer que possa levar 3 pessoas de 60kg haja vista que só há duas vagas. Em carros, há mais vagas e cada pessoa é uma pessoa. Criança é pessoa e merece seu espaço e cuidados. Muito cuidado com a superlotação, ela é passível de multas e traz riscos. 
 

VI - Não entregar ou facilitar o acesso a automóveis e ciclomotores a menores ou a pessoas não-habilitadas.

Guiar veículos automotores requer, dentre outras coisas, responsabilidade. Uma motocicleta, um carro, um caminhão pode se transformar em uma “arma” potencialmente destrutiva e letal nas mãos de alguém irresponsável. Não significa dizer que um habilitado seja – por conseqüência de ser habilitado – responsável. Essa virtude não se adquire em autoescolas. Porém, é numa delas que um indivíduo pode ser bem orientado sobre como conduzir um automotor e sobre a conduta adequada no tráfego. Emprestar o carro (por exemplo), permitir ou facilitar voluntária ou involuntariamente seu acesso a menores ou não-habilitados é passível, inclusive, de responsabilidade criminal. Num acidente com vítima fatal em que um menor conduz o veículo cuja chave o pai deixou sobre a escrivaninha, a responsabilidade é repassada ao pai ou tutor, que responderá judicialmente pelo feito de seu subordinado. Matar com um carro é crime e vai estar assim submetido à Lei.


VII - Dar preferências seguindo as normas quanto à precedência de direito.

Quem não gostaria de entrar num ônibus lotado, acompanhado da vovó, e notar que alguém gentilmente cedeu assento a ela? Quem não gostaria de, sendo a própria vovó, ter senha de atendimento preferencial num banco supercheio e ser atendido prontamente? Pois é! Esses são alguns dos direitos cuja essência se baseia na precedência. No trânsito se dá igual, e a dita precedência tem foco na segurança, como quase tudo em se tratando de trânsito. As regras do tráfego de automóveis, ciclomotores, veículos de tração humana ou animal e pedestres se baseiam – principalmente – na preservação da integridade física do ser humano, depois na dos animais e depois na preservação do patrimônio. O que leva a crer que é a vida que mais importa. Como em cada carro, cada moto, cada bicicleta, cada carroça tem uma vida no comando, a segurança precede todos os outros fatores. Assim, considerar o tamanho e a fragilidade do veículo ajuda a definir preferenciais. O perigo presente em determinadas situações estruturais da via também contribui para dizer quem tem direito de passagem. O pedestre precede o ciclista, que precede o motociclista, que tem direito à passagem quando vem um carro de passeio, que tem privilégios em relação à caminhonete, que é menor que um caminhão e tem direito à passagem; caminhões, Scanias, bitrens e assim progressivamente. O correto é dar preferência sempre, e se for à vida, aí sim você tem que abrir caminho e não ter pressa.
 

VIII - Não exceder a velocidade máxima permitida para a via.

Devagar também chega!” Um número cada vez menor de motorista pensa assim. A vida moderna trouxe muitas benesses e algumas mazelas para o cotidiano das pessoas. Uma benesse é a facilidade que a tecnologia proporciona. Está mais fácil aprender, ensinar, divertir-se e até conhecer o mundo está mais fácil. Porém, uma mazela: a corrida contra o tempo. As pessoas não param, não dão bom-dia nem carona. A pressa as guia, e o pé pisa o acelerador como se o mundo fosse acabar, e correm irresponsavelmente despreocupadas, esquecendo-se das pessoas ao redor, do perigo que causam. A engenharia de tráfego determina para as vias uma velocidade mínima e uma máxima. E não é à-toa. Cada lugar permite um fluxo e uma maneira de agir. São feitos estudos que avaliam o perigo de um determinado veículo trafegando em alta velocidade, e elas vão sendo descartadas até que o risco pareça aceitável. Desobedecer ao que indica tal placa é como assumir que não se está nem aí para o perigo, o de matar alguém.
 

XI - Facilitar o trânsito de automóveis e pessoas em frente a escolas e hospitais.

Algumas localidades requerem mais atenção de pedestres e motoristas. O trânsito constante em frente a escolas e hospitais pode trazer riscos à pessoa que por ali trafega. Daí a necessidade de mais e mais atenção e respeito às normas de segurança. Na frente das escolas há um entra-e-sai frenético nos horários de rush. São crianças saindo rapidamente para ir ao encontro de seus pais, sem ao menos observar a via. E pior, os pais, que deveriam primar pela preservação da integridade física de suas crias, são os mais imprudentes nesse momento. Mal saem de seus carros e já gritam pelos filhos ao longe para que vão até eles em meio ao trânsito. Sensato seria estacionar em local adequado, facilitando o fluxo dos que ali não param, e ir à procura de sua criança, que – pressupõe-se – é frágil, vulnerável, infantilmente desatenta e inconseqüente. A educação para o trânsito na frente das escolas deveria ser discutida pela própria escola, com os alunos em sala de aula e com os pais nas reuniões de pais-e-mestres. Isso amenizaria o problema e criaria uma consciência voltada à própria segurança, principalmente nas crianças. Em frente aos hospitais, por sua vez, a situação não se difere muito. Em vez de crianças, há crianças debilitadas, idosos e adultos sendo conduzidos aos leitos das enfermarias, há ambulâncias e carros apressados no resgate a feridos, que precisam de passagem; porém, que devem observar as normas de trânsito e garantir a integridade de quem conduz e dos que estão alheios a eles. Nos hospitais há sempre uma entrada de emergência por onde transitam pessoas desatentas, carros de socorro e etc. Atropelamentos, mais feridos e colisões podem ocorrer, e não é porque se está à porta de um pronto-socorro que a morte se esquece de você.
 

X - Manter em dia a manutenção e o abastecimento do automóvel que conduz.

Muita gente acha que, tão normal e perdoável quanto esquecer a carteira com documentos em casa, deixar o prato principal do jantar queimar no forno ou prestar contas ao Fisco na última hora, é negligenciar os cuidados imprescindíveis relativos à manutenção e ao abastecimento do automóvel. Afinal, se o carro quebrar em meio a um engarrafamento ou faltar combustível num cruzamento, basta deixá-lo lá e ir à procura de um mecânico, de um posto de combustível e está tudo bem. A lei não vê a situação assim, com tanta simplicidade. Os cuidados com o veículo são de responsabilidade do condutor, da mesma forma que todos os prejuízos acarretados pela falta deles. Um acidente provocado pela falta de freios, por exemplo, é creditado na “ficha” do condutor, que responderá por isso. O código de trânsito prevê punição severa em razão disso. É, portanto, importante revisar, vistoriar e certificar-se das boas condições do veículo antes de ir às ruas.
 

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No Brasil, do Oiapoque ao Chuí, não há cidade que não apresente problemas no trânsito; mas, tampouco haja um único lugarejo cuja circulação viária não possa ser organizada com um pouco de disciplina, consciência das normas e educação. As SMTTs de todo o país têm trabalhado assiduamente para minorar as mazelas do trânsito, tentar harmonizar a circulação de veículos e de pessoas, além de diminuir os índices de acidentes. É sabido, pois, que tal como qualquer tipo de relação em que o ser humano esteja diretamente envolvido, o trânsito depende de algumas dicas como as aqui citadas e da influência de três palavras importantes: respeito, bom-senso e educação. Essa última é para este trabalho o foco principal. É isso!

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