Dez dicas para
tornar o trânsito mais seguro nas cidades.
SMTT-Itabaiana,
Carlos Santos. 10/06/10.
Nas
estradas, ruas e avenidas de todo o país, os acidentes de trânsito são
constantes. Carros, motos e cargueiros matam mais que as guerras civis. São milhares
de mortos a cada ano só nas estradas do Brasil. Grande parte das causas dessa
mortandade se baseia em três fatores básicos: (1) a educação para o
trânsito ainda é uma barreira quase que intransponível. Nossos motoristas
desconhecem as mais triviais normas de circulação e de segurança; (2) o
despreparo e a imprudência, esses dois se conjugam em um só quando
nos deparamos com condutores que saem das autoescolas para as ruas rasos de
experiência e se enveredam pelo trânsito. Certo é que o maior aprendizado vem
com a prática, mas – antes mesmo de adquiri-la – muitos já se arriscam
experimentando altas velocidades e ultrapassagens perigosas. E é aí que
despreparo e imprudência se tornam primos-irmãos e geram caos e mortes; (3)
este último, o desrespeito às normas, soa mais brando, porém não o é. O
descumprimento de regras também gera caos. O trânsito de automóveis, ciclistas
e pedestres certamente se tornaria mais harmonioso se se seguissem as mais
básicas normas de segurança e circulação.
Aí vão algumas:
I – Uso de cinto de segurança,
capacete e calçados adequados.
Antes
mesmo de ser uma obrigação prevista na lei (O C.T.B., Código de Trânsito
Brasileiro), é a garantia de segurança e da integridade física de condutores e
passageiros. Conduzir um veículo com cinto de segurança atado em todos os que
nele embarcaram reduz em cerca de 80% as lesões graves e mortes, em caso de
acidente; usar calçado adequado, seja em motocicletas seja em qualquer veículo,
evita que o condutor se atrapalhe na sua condução devido a solturas repentinas,
à falta de aderência aos pés e/ou a enganchamentos desses calçados em pedais e
apoiadores, distraindo-se e – consequentemente – causando acidentes. Os
acidentes com motos, geralmente fatais devido à vulnerabilidade natural desse
tipo de veículo, geram índices alarmantes em todo o mundo. Lesões na cabeça e
na face são a maior causa de invalidez e óbitos nas ruas das cidades, além
também de engrossar as contas dos serviços públicos de saúde e de previdência
social, com gastos com hospitalizações e aposentadorias em idade produtiva,
respectivamente. Usar o capacete deveria ser encarado pelos pilotos mais
como autodefesa e prevenção, que como lei. Porém, não é o que se vê na
prática.
II – Não estacionar em local
proibido ou fazer paradas inadequadas.
Pouca
gente considera importante estacionar e parar corretamente. As placas de pare,
proibido estacionar, as faixas amarelas e os refúgios são ignorados a cada
instante. E a justificativa: “Foi rapidinho, só um minutinho”. O espaço
para estacionamento regulamentado é um problema nas pequenas e grandes cidades.
Com o crescimento das frotas e os preços altos dos estacionamentos rotativos e
a carência deles em algumas cidades, encontrar vaga se tornou um desafio. O que
fazer? A solução que a maioria dos motoristas encontra é pôr o carro em
qualquer lugar. Ignorar a lei nesse caso gera sanções como multa, reboque do
automóvel e pontos na carteira. Mas, o que parece (para muita gente) é que
isso é exagero dos órgãos fiscalizadores. Não é! Um carro estacionado numa
calçada obriga o pedestre a ir para a pista, e na disputa com carros e motos,
quem sempre perde é o pedestre. Atropelamentos são constantes até mesmo sobre
calçadas; por exemplo, numa rua estreita e com proibição de parada e
estacionamento, alguém esgueira seu carro entre a pista e a calçada para passar
por outro veículo mal-estacionado e se depara com um pedestre. Quem perde a
disputa por espaço? A regulação de estacionamento leva em consideração a
estrutura da via e principalmente o fluxo que ela permite, primando pela
segurança. Há também a ótica da comodidade e da necessidade: vaga para idoso e
deficiente é vaga para quem tem dificuldades de locomoção, por isso elas são
maiores e mais próximas a acessos, portas e entradas/saídas. Se você não tem
direito a ocupar tais vagas, não o faça! Onde, então, posso estacionar ou
parar? Parar, apenas pelo tempo necessário a embarque e desembarque,
isso é permitido em locais onde estacionar é proibido. Em cruzamentos e vias de
visibilidade ruim, pode-se parar apenas para se certificar de passagem livre.
Em vias de fluxo rápido ou em que não haja acostamento, parar só seguindo o
fluxo. Já no ato de estacionar, o tempo é indefinido. É quando você pára
para “guardar” o carro. Nunca o faça em esquinas, calçadas, passeios, em frente
a hidrantes, rampas de acesso ou sobre faixas de pedestre e refúgios. Isso
dificulta a circulação e pode trazer riscos de acidente.
III – Não falar ao celular.
Muitos
dos equipamentos eletrônicos que as pessoas usam no dia-a-dia para a
comunicação e o entretenimento podem contribuir para causar acidentes no
trânsito, o celular é um deles. Falar ao celular ou ver vídeo em DVDs enquanto
dirige é uma das mais modernas causas de acidente, e é assunto preocupante. A
distração produzida por uma conversa ao telefone ou pela atenção dada a uma
cena intrigante no DVD tem figurado na razão pela qual muita gente tem
mutilado, matado e morrido no trânsito. O atropelamento e o capotamento por
perda do controle do veículo são a marca registrada da desatenção. As
normas de trânsito alertam para tais perigos e para as punições cabíveis, mas
pouca gente se contém em falar superfluidades ao celular enquanto está na
direção. São tantos assuntos tão urgentes, que não podem tomar alguns segundos
estacionado para falar ao celular e em segurança.
IV - Não passar em sinal vermelho.
Não
há muito que se falar sobre essa infração. Ter o sinal fechado para você
significa permitir que outros trafeguem livremente em vias transversais.
Isso significa dizer que, se você desobedece a sinalização e segue, o risco de
matar ou morrer é iminente. Em medida metafórica, é como se você puxasse uma
arma para alguém e atirasse, assumindo o risco de matar; no caso do trânsito,
muitas vezes o projétil ricocheteia e a vítima pode ser você mesmo. Como
caso à parte, por medida de segurança, criou-se a cultura de que após as 23h
não é preciso parar em semáforos quando indicarem fechamento. Entretanto, há
que se considerar que muita gente faz isso irresponsavelmente. As pessoas podem
fazer isso sem lembrar que o sinal está aberto para o outro, que vai passar, e
a ação baseada em tal cultura interpretada erroneamente causará tragédias. O
correto seria reduzir, observar o fluxo e, não havendo perigo de colisão, aí
sim seguir viagem.
V - Não exceder o número de
passageiros do veículo.
(...)
é como coração de mãe, sempre cabe mais um! Automotores não são coração
de mãe nem a casa da mãe Joana. É preciso considerar os perigos da
superlotação. Nos noticiários, são reportadas muitas catástrofes relativas a
esse problema; com mais freqüência, embarcações e aeronaves superlotadas são
assunto por terem naufragado ou tombado por causa daqueles passageiros a mais,
que às vezes morrem sem saber por quê. E com veículos terrestres, dá no mesmo?
Sim. O perigo de acidente é também presente. Carros e motos (entre outros) são
projetados para uma determinada capacidade de carregar peso e, vale lembrar,
com vagas individuais. 180 kg são 180 kg, e 2 vagas são 2 vagas. Uma moto tem
lugar para piloto e garupa. Se ela é capaz de conduzir até 180 kg, isso não
quer dizer que possa levar 3 pessoas de 60kg haja vista que só há duas vagas.
Em carros, há mais vagas e cada pessoa é uma pessoa. Criança é pessoa e merece
seu espaço e cuidados. Muito cuidado com a superlotação, ela é passível de
multas e traz riscos.
VI - Não entregar ou facilitar o
acesso a automóveis e ciclomotores a menores ou a pessoas não-habilitadas.
Guiar
veículos automotores requer, dentre outras coisas, responsabilidade. Uma
motocicleta, um carro, um caminhão pode se transformar em uma “arma”
potencialmente destrutiva e letal nas mãos de alguém irresponsável. Não
significa dizer que um habilitado seja – por conseqüência de ser habilitado –
responsável. Essa virtude não se adquire em autoescolas. Porém, é numa delas
que um indivíduo pode ser bem orientado sobre como conduzir um automotor e
sobre a conduta adequada no tráfego. Emprestar o carro (por exemplo), permitir
ou facilitar voluntária ou involuntariamente seu acesso a menores ou não-habilitados
é passível, inclusive, de responsabilidade criminal. Num acidente com vítima
fatal em que um menor conduz o veículo cuja chave o pai deixou sobre a
escrivaninha, a responsabilidade é repassada ao pai ou tutor, que responderá
judicialmente pelo feito de seu subordinado. Matar com um carro é crime e
vai estar assim submetido à Lei.
VII - Dar preferências seguindo as normas quanto à
precedência de direito.
Quem
não gostaria de entrar num ônibus lotado, acompanhado da vovó, e notar que
alguém gentilmente cedeu assento a ela? Quem não gostaria de, sendo a própria
vovó, ter senha de atendimento preferencial num banco supercheio e ser atendido
prontamente? Pois é! Esses são alguns dos direitos cuja essência se baseia na
precedência. No trânsito se dá igual, e a dita precedência tem foco na
segurança, como quase tudo em se tratando de trânsito. As regras do tráfego de
automóveis, ciclomotores, veículos de tração humana ou animal e pedestres se
baseiam – principalmente – na preservação da integridade física do ser humano,
depois na dos animais e depois na preservação do patrimônio. O que leva a crer
que é a vida que mais importa. Como em cada carro, cada moto, cada
bicicleta, cada carroça tem uma vida no comando, a segurança precede todos os
outros fatores. Assim, considerar o tamanho e a fragilidade do veículo ajuda a
definir preferenciais. O perigo presente em determinadas situações estruturais
da via também contribui para dizer quem tem direito de passagem. O pedestre
precede o ciclista, que precede o motociclista, que tem direito à passagem
quando vem um carro de passeio, que tem privilégios em relação à caminhonete,
que é menor que um caminhão e tem direito à passagem; caminhões, Scanias,
bitrens e assim progressivamente. O correto é dar preferência sempre, e se for
à vida, aí sim você tem que abrir caminho e não ter pressa.
VIII - Não exceder a velocidade
máxima permitida para a via.
“Devagar
também chega!” Um número cada vez menor de motorista pensa assim. A vida
moderna trouxe muitas benesses e algumas mazelas para o cotidiano das pessoas.
Uma benesse é a facilidade que a tecnologia proporciona. Está mais fácil
aprender, ensinar, divertir-se e até conhecer o mundo está mais fácil. Porém,
uma mazela: a corrida contra o tempo. As pessoas não param, não dão bom-dia nem
carona. A pressa as guia, e o pé pisa o acelerador como se o mundo fosse
acabar, e correm irresponsavelmente despreocupadas, esquecendo-se das
pessoas ao redor, do perigo que causam. A engenharia de tráfego determina para
as vias uma velocidade mínima e uma máxima. E não é à-toa. Cada lugar permite
um fluxo e uma maneira de agir. São feitos estudos que avaliam o perigo de um
determinado veículo trafegando em alta velocidade, e elas vão sendo descartadas
até que o risco pareça aceitável. Desobedecer ao que indica tal placa é como
assumir que não se está nem aí para o perigo, o de matar alguém.
XI - Facilitar o trânsito de
automóveis e pessoas em frente a escolas e hospitais.
Algumas
localidades requerem mais atenção de pedestres e motoristas. O trânsito
constante em frente a escolas e hospitais pode trazer riscos à pessoa que por
ali trafega. Daí a necessidade de mais e mais atenção e respeito às normas de
segurança. Na frente das escolas há um entra-e-sai frenético nos horários de rush.
São crianças saindo rapidamente para ir ao encontro de seus pais, sem ao menos
observar a via. E pior, os pais, que deveriam primar pela preservação da
integridade física de suas crias, são os mais imprudentes nesse momento. Mal
saem de seus carros e já gritam pelos filhos ao longe para que vão até eles em
meio ao trânsito. Sensato seria estacionar em local adequado, facilitando o
fluxo dos que ali não param, e ir à procura de sua criança, que – pressupõe-se
– é frágil, vulnerável, infantilmente desatenta e inconseqüente. A educação
para o trânsito na frente das escolas deveria ser discutida pela própria escola,
com os alunos em sala de aula e com os pais nas reuniões de pais-e-mestres.
Isso amenizaria o problema e criaria uma consciência voltada à própria segurança,
principalmente nas crianças. Em frente aos hospitais, por sua vez, a situação
não se difere muito. Em vez de crianças, há crianças debilitadas, idosos e
adultos sendo conduzidos aos leitos das enfermarias, há ambulâncias e carros
apressados no resgate a feridos, que precisam de passagem; porém, que devem
observar as normas de trânsito e garantir a integridade de quem conduz e dos
que estão alheios a eles. Nos hospitais há sempre uma entrada de emergência por
onde transitam pessoas desatentas, carros de socorro e etc. Atropelamentos,
mais feridos e colisões podem ocorrer, e não é porque se está à porta de um
pronto-socorro que a morte se esquece de você.
X - Manter em dia a manutenção e o
abastecimento do automóvel que conduz.
Muita
gente acha que, tão normal e perdoável quanto esquecer a carteira com
documentos em casa, deixar o prato principal do jantar queimar no forno ou
prestar contas ao Fisco na última hora, é negligenciar os cuidados
imprescindíveis relativos à manutenção e ao abastecimento do automóvel. Afinal,
se o carro quebrar em meio a um engarrafamento ou faltar combustível num
cruzamento, basta deixá-lo lá e ir à procura de um mecânico, de um posto de
combustível e está tudo bem. A lei não vê a situação assim, com tanta
simplicidade. Os cuidados com o veículo são de responsabilidade do condutor,
da mesma forma que todos os prejuízos acarretados pela falta deles. Um
acidente provocado pela falta de freios, por exemplo, é creditado na “ficha” do
condutor, que responderá por isso. O código de trânsito prevê punição severa em
razão disso. É, portanto, importante revisar, vistoriar e certificar-se das
boas condições do veículo antes de ir às ruas.
* * *
No
Brasil, do Oiapoque ao Chuí, não há cidade que não apresente problemas no
trânsito; mas, tampouco haja um único lugarejo cuja circulação viária não possa
ser organizada com um pouco de disciplina, consciência das normas e educação.
As SMTTs de todo o país têm trabalhado assiduamente para minorar as mazelas do
trânsito, tentar harmonizar a circulação de veículos e de pessoas, além de
diminuir os índices de acidentes. É sabido, pois, que tal como qualquer tipo de
relação em que o ser humano esteja diretamente envolvido, o trânsito depende de
algumas dicas como as aqui citadas e da influência de três palavras
importantes: respeito, bom-senso e educação. Essa última é
para este trabalho o foco principal. É isso!
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